domingo, 14 de outubro de 2012

Quando a religião quase dominou o mundo...


Prepare-se para conhecer uma das mais tristes e assombrosas épocas da civilização humana, uma época em que a religião cristã quase dominou o mundo. Na época da inquisição empregavam-se perseguidores de bruxas, também chamados "alfinetadores", eles eram abençoados e protegidos pela igreja e recebiam um belo prêmio para cada menina ou mulher que entregavam para execução, eram considerados "obreiros de deus".

Não eram estimulados a ser cautelosos em suas acusações. Em geral procuravam "marcas do diabo" cicatrizes, marcas de nascença ou nevos que, ao serem picadas com um alfinete, não doíam, nem sangravam.
Havia fortes elementos eróticos e misóginos (como era de se esperar numa sociedade sexualmente reprimida e dominada pelos homens), em que os inquisidores eram tirados da classe de padres pretensamente celibatários.

Nos julgamentos, prestava-se bastante atenção à qualidade e à quantidade de orgasmos nas supostas cópulas das rés com os demônios ou com o Diabo (embora Agostinho tivesse se mostrado seguro de que "não podemos chamar o Diabo de fornicador"), e à natureza do "membro" do Diabo (frio, em todos os relatos).

As "marcas do Diabo" eram encontradas em geral "sobre os seios ou nas partes pudendas", segundo o livro escrito por Ludovico Sinistrari em 1700.

Em conseqüência, raspavam-se os pêlos púbicos e as genitálias eram cuidadosamente inspecionadas por inquisidores do sexo masculino.

Na imolação da jovem de vinte anos, Joana D.Arc, depois que seu vestido pegou fogo, o carrasco de Rouen apagou as chamas para que os espectadores pudessem ver "todos os segredos que podem ou devem existir numa mulher".

A crônica dos que foram consumidos pelo fogo, somente na cidade alemã de Würtzburg, e apenas no ano de 1598, apresenta estatísticas e permite que nos confrontemos com um pouco da realidade humana:

O intendente do Senado, chamado Gering; a velha sra. Kanzler; a mulher gorda do alfaiate; a cozinheira do sr. Mengerdorf; um estranho; uma mulher estranha; Baunach, senador, o cidadão mais gordo de Würtzburg; o velho ferreiro da corte; uma velha; uma menina de nove ou dez anos; uma menina mais moça, sua irmãzinha; a mãe das duas meninas acima mencionadas; a filha de Liebler; a filha de Goebel, a menina mais bonita de Würtzburg; um estudante que sabia muitas línguas; dois meninos do Minster, cada um com doze anos; a filhinha de Stepper; a mulher que guardava o portão da ponte; uma velha; o filhinho do intendente do conselho da cidade; a mulher de Knertz, o açougueiro; a filhinha de colo do dr. Schultz; uma menina cega; Schwartz, cônego em Hatch, trabalhadores postais inocentes, E assim por diante...

Alguns recebiam atenção "humanitária" especial:

"A filhinha de Valkenberger foi executada e queimada privadamente..."
Uma simples prestidigitação dava a impressão de que o alfinete penetrava fundo na carne da bruxa. Quando não havia marcas aparentes, bastavam as "marcas invisíveis" sobre o patíbulo.

Um alfinetador da metade do século XVII confessou que provocara a morte de mais de 220 mulheres na Inglaterra e Escócia, ao preço de vinte xelins cada.

Houve 28 imolações públicas, cada uma com quatro a seis vítimas em média, nessa pequena cidade num único ano. Isso era um microcosmo do que estava acontecendo por toda a Europa.

Ninguém sabe quantos foram mortos ao todo talvez centenas de milhares, talvez milhões.

Os responsáveis pela acusação, tortura, julgamento, morte na fogueira e justificação eram "altruístas". Perguntem a eles...

Eles não podiam estar errados. As confissões de bruxaria não podiam ser alucinações, por exemplo, nem tentativas desesperadas de satisfazer os inquisidores e interromper a tortura.

Nesse caso, explicava o juiz de bruxas Pierre de Lancre (em seu livro de 1612, Description of the inconstancy of evil angels), a Igreja Católica estaria cometendo um grande crime ao queimar as bruxas.

Aqueles que apresentam tais hipóteses estão, portanto, atacando a igreja e por isso cometendo um pecado mortal. Puniam-se os que criticavam a morte das bruxas na fogueira e, em alguns casos, eles próprios eram queimados.

Os inquisidores e os torturadores estavam fazendo a "obra de Deus". Estavam salvando almas. Estavam derrotando os demônios...

A bruxaria não era certamente o único delito que merecia tortura e morte na fogueira. A heresia era um crime ainda mais sério, e tanto católicos como protestantes o puniam com crueldade.

No século XVI, o erudito William Tyndale teve a temeridade de pensar em traduzir o Novo Testamento para o inglês. Mas se as pessoas pudessem ler a Bíblia em sua própria língua, e não em latim arcaico, talvez formassem opiniões religiosas próprias e independentes.

Poderiam conceber sua própria comunicação privada com Deus. Era um desafio à segurança de emprego dos padres católicos romanos.

Quando Tyndale tentou publicar a sua tradução, foi caçado e perseguido por toda a Europa. Acabou capturado, garroteado e depois, por boas razões, queimado na fogueira.

Seus exemplares do Novo Testamento (que um século mais tarde se tornaram a base da refinada tradução do rei Jaime) foram então procurados de casa em casa por destacamentos armados.

Cristãos defendendo piedosamente o cristianismo, ao impedir que outros cristãos conhecessem as palavras de Cristo...

Esse estado de espírito, esse clima de absoluta certeza de que o conhecimento deve ser recompensado com a tortura e a morte, era pouco auspicioso para os acusados de bruxaria.

Queimar bruxas é uma característica da civilização ocidental que, com exceções políticas ocasionais, tem declinado desde o século XVI.

Na última execução judicial de feiticeiras na Inglaterra, uma mulher e sua filha de nove anos foram enforcadas. O seu crime era ter provocado uma tempestade quando despiram as meias...

Na nossa época, bruxas e djins são uma presença constante em brincadeiras infantis, o exorcismo dos demônios ainda é praticado pela Igreja Católica Romana e outras religiões, e os adeptos de um culto ainda denunciam como feitiçaria as práticas rituais de outro.

Ainda empregamos a palavra "pandemônio" (literalmente, todos os demônios).

Ainda se diz que uma pessoa enlouquecida e violenta é "demoníaca". (Foi só no século XVIII que a doença mental deixou de ser em geral atribuída a causas sobrenaturais; até a insônia tinha sido considerada um castigo infligido por demônios.)

Mais da metade dos norte-americanos declaram aos pesquisadores de opinião que .acreditam. na existência do Diabo, e 10% tiveram contato com ele, experiência que Martinho Lutero afirmava ter regularmente.

Num "manual de guerra espiritual" de 1992, intitulado "Prepare for war", Rebecca Brown nos informa que o aborto e o sexo fora do casamento - "resultarão quase sempre em infestação demoníaca" - que a meditação, a ioga e as artes marciais - "são construídas de modo a levar os cristãos ingênuos a cultuar os demônios" - e que - "o rock não aconteceu pura e simplesmente, foi um plano arquitetado com muito cuidado por ninguém menos do que o próprio Satã" - e ainda diz: -"Às vezes as pessoas amadas ficam diabolicamente presas e cegas" -

A demonologia ainda é, hoje em dia, parte de muitos credos sérios...

Notas:

(*) No território sombrio dos caçadores de gratificações e informantes pagos, a corrupção torpe é freqüentemente a regra . em todo o mundo e em toda a história humana. Tomando um exemplo quase ao acaso, em 1994, por uma quantia de dinheiro, alguns inspetores postais de Cleveland concordaram em fazer investigações secretas e desmascarar os transgressores da lei; eles então inventaram ações penais contra 32 Nos julgamentos das bruxas, evidências atenuantes ou testemunhas de defesa eram inadmissíveis. De qualquer modo, era quase impossível apresentar álibis convincentes para as bruxas acusadas: as regras de evidência tinham um caráter especial. 

Por exemplo, em mais de um caso o marido atestava que sua mulher estava dormindo nos braços dele no exato momento em que era acusada de estar brincando com o diabo num sabá de bruxas; mas o arcebispo explicava pacientemente que um demônio tomara o lugar da mulher. Os maridos não deviam imaginar que seus poderes de percepção podiam superar os poderes da simulação de Satã. As belas jovens eram forçosamente entregues às chamas.

A ideia da criação da Inquisição surgiu em 1183, quando delegados enviados pelo Papa averiguaram a crença dos cátaros de Albi, sul de França, também conhecidos como "albigenses", que acreditavam na existência de um deus do Bem e outro do Mal, Cristo seria o deus do bem enviado para salvar as almas humanas e o deus criador do mundo material seria o deus do mal, após a morte as almas boas iriam para o céu, enquanto as más iriam praticar metempsicose. Isto foi considerada uma heresia e no ano seguinte, no Concílio de Verona, foi criado o Tribunal da Inquisição.

3 comentários:

  1. Hoje em dia não é mais a igreja católica que faz esse papel, e sim a evangélica.

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    1. O PAPADO AINDA MATA POR DEBAIXO DOS PANOS MUITOS INOCENTES ESPECIALMENTE BEBES

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  2. O PAPADO AINDA MATA POR DEBAIXO DOS PANOS !

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