terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cientistas Provam a Aceleração da Expansão do Universo e ganham prêmio Nobel

Trio recebe Nobel de física por provar aceleração da expansão do Universo


Três astrônomos norte-americanos foram escolhidos na categoria física.
Pesquisas com supernovas renderam o prêmio aos estudiosos.


Os cientistas norte-americanos Saul Perlmutter, Adam Riess e Brian Schmidt receberam o Nobel de física de 2011 por pesquisas que mostraram como a expansão do Universo está acelerando. Os estudos se basearam na observação da luz de supernovas - explosões que marcam o fim da vida de estrelas com muita massa.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (4) no Instituto Karolinska em Estocolmo, na Suécia. O fato de que o Universo está se expandindo já era conhecido desde a década de 1920. O trio, no entanto, descobriu que essa expansão está acelerando -- e não desacelerando, como era anteriormente esperado.


Os ganhadores do Nobel de física 2011, que estudam a aceleração do Universo: os norte-americanos Saul Permutter, Adam Riess e Brian Schmidt (Foto: Permutter e Riess: France Presse; Schmidt: Divulgação)


  "A partir de seus estudos, eles descobriram que a taxa de expansão do Universo está acelerando. Essa conclusão veio como uma enorme surpresa para os cientistas", disseram os membros do comitê do Nobel.
Durante o anúncio, os apresentadores do prêmio mostraram que 95% da energia estimada no Universo não tem origem conhecida. "Consiste de objetos que nós não sabemos nada a respeito. Essa descoberta é um marco para os estudantes de cosmologia.
Sobre a expansão, o comitê da premiação afirma que o Universo teria dobrado de tamanho nos últimos 5 bilhões de anos - mesma idade do nosso Sistema Solar. Para demonstrar a rapidez do "crescimento", os premiados analisaram a luz de supernovas distantes e próximas.
Para o comitê, as pesquisas realizadas pelo trio também mostram como equações da teoria da relatividade geral, a principal teoria desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein em 1915, estão corretas.
A premiação será de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,7 milhões. Saul Perlmutter receberá o valor inteiro. Já Schmidt e Riess irão ficar com 5 milhões de coroas suecas cada, já que dividem o prêmio - ambos são membros do mesmo projeto, o High-z Supernova Search Team.


Entenda o prêmio
A história da expansão do Cosmos começou com o trabalho de cientistas como Edwin Hubble - que foi homenageado ao servir de nome para o telescópio. Eles conseguiram mostrar, por meio de observações, que o Universo estava aumentando de tamanho.

Para crescer, o Universo precisa ter energia, que os astrônomos acreditavam vir somente de objetos como nós, as árvores, os planetas e as estrelas. Mas se isso fosse verdade, a gravidade desses materiais iria fazer o Universo ser "brecado". Ainda iria crescer, mas não tão rápido.
Mas os três cientistas escolhidos para receber o Nobel de física de 2011 mostraram, por observações, que o crescimento do Universo não só existe como está sendo acelerado a cada momento.


  Como eles provaram isso? Observando a luz de estrelas com muita massa e que explodiram a uma distância tão grande que a luz levaria 6 bilhões de anos para atravessar. Essas explosões são conhecidas como supernovas.
A análise dos dados colhidos a partir dessas explosões levou o trio a concluir que a aceleração existe. Uma das explicações para esse crescimento é a existência da energia e da matéria escura. Ambas são diferentes da matéria visível, a que nos cerca no dia a dia.
Segundo os astrônomos, somente 4% do Universo deve ser feito de átomos como os que estão nos humanos, nos animais e nas estrelas. Todo o resto seria feito de energia escura (73%) e matéria escura (23%).
Os cientistas ainda não sabem exatamente o que essa dupla quer dizer, mas conseguem medir a influência da energia escura na expansão do Universo. Pelo menos é isso que suas observações apontam.
Os trabalhos do trio norte-americano ainda estão em pleno acordo com as previsões feitas por Albert Einstein ao demonstrar a teoria da relatividade geral. Elas poderão salvar, inclusive, uma parte da pesquisa do físico alemão que era tida como um erro até mesmo pelo próprio Einstein: a constante cosmológica, um recurso usado pelo cientista para tentar salvar a ideia
Antes de morrer, em 1953, Einstein reconheceu a constante cosmológica como um erro. Ele também admitiu que o Universo, de fato, estava se expandindo.
Agora, em 2011, o Nobel reconhece três cientistas que podem usar a constante cosmológica para provar o aumento do Universo. Diferente da ideia inicial de Einstein, mas salvando um conceito que era tido como errado há mais de meio século.


Um comentário:

  1. Muito bem, caro amigo Julio César, podemos dizer que vivemos numa época singular da humanidade e do próprio universo. (???) Já podemos entender cerca de 5% dos elementos que o compõe, e podemos perceber a luz vinda de super novas cuja luz partiu de lá há seis bilhões de anos. Podemos nos sentir privilegiados por vivermos em tão esclarecedora época do universo. Podemos ser uma das bilhões de espécies, muitas das quais muito mais evoluídas que nós, ou poderíamos ser a primeira e unica...Mas, isso continua sendo a grande incógnita...

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