terça-feira, 20 de março de 2012

Parentes choram no enterro do ciclista morto pelo filho de Eike Batista









Thor Batista atingiu homem que cruzava a pista no sábado. Jovem pode ser indiciado por homicídio culposo

Rio de Janeiro O empresário Eike Batista, 55, pai de Thor Batista, 20, que atropelou um ciclista no sábado (17) no Rio de Janeiro, afirmou ontem que o acidente não foi causado pelo filho. "Minha solidariedade à família e meu compromisso de que toda a assistência necessária será prestada. Infelizmente aconteceu um acidente fatal. Porém, a imprudência não foi do Thor", afirmou, em sua conta oficial no microblog Twitter.

O ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira da Silva, 30, foi atropelado por volta das 19h de sábado, quando andava de bicicleta na rodovia Washington Luís, na altura de Xerém, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). Ele foi atingido pelo carro de Thor, um Mercedes SLR McLaren, e morreu na hora.

Em nota divulgada ontem, a assessoria de imprensa do grupo EBX, de Eike, já havia afirmado que o ciclista "atravessava inadvertidamente" a Rodovia no sentido Rio no momento do acidente e que Thor dirigia na velocidade permitida - 110 km/h. O carro, que custa pelo menos R$ 2,7 milhões, pode atingir velocidade acima de 300 km/h.

A família de Wanderson contesta a versão, alegando que o rapaz andava pelo acostamento e não teria motivo para cruzar a rodovia, já que morava daquele lado da estrada.

"O coração dele foi parar dentro do carro, por isso eu sei que ele foi pego de frente. Se ele tivesse atravessando a rodovia como estão falando, teria sido pego de lado", disse uma tia da vítima, Maria Vicentina Pereira.

O advogado Cleber Carvalho, que representa a família de Wanderson, informou que vai procurar testemunhas para confirmar essa tese. Ele disse ontem que vai pedir na Justiça indenizações por danos materiais e morais pela morte do cliente.

O advogado também questiona o procedimento adotado pela Polícia, que teria liberado a remoção do carro de Thor de maneira irregular, segundo ele.

"Nunca vi tanta agilidade em um caso desse, às vezes o corpo e o carro de um atropelado ficam o dia inteiro até sair do local. E nunca vi o atropelador não ser conduzido para a delegacia quando há Polícia no local. Se fosse José matando José não tinha sido assim", afirmou.

Carvalho disse que moradores da região afirmam que o corpo de Wanderson foi retirado do local por volta das 3h, e que nesse horário o carro de Thor já havia sido retirado. O veículo chegou a ser recolhido para um pátio da Polícia Rodoviária Federal, mas o advogado do jovem conseguiu levar o carro sob a garantia de não modificar o estado do veículo.

"Sobre o acidente, Thor Batista lamenta profundamente o ocorrido. O empresário chamou a ambulância da Concer (concessionária da rodovia) para prestar atendimento. Thor estava na velocidade permitida, fez o teste do bafômetro e firmou declaração de próprio punho descrevendo o acidente, no posto da Polícia Rodoviária Federal. Thor prestará toda a assistência à família de Wanderson e comparecerá no curso da semana para prestar depoimento na 61ª DP", afirmou a nota do grupo EBX.

Bafômetro

A Polícia confirmou que os testes de bafômetro de Thor e do carona deram negativo para a ingestão de bebida alcoólica. Thor será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O caso foi registrado na 61ª DP (Xerém).

O corpo de Wanderson foi enterrado no fim da tarde de ontem no cemitério de Xerém.

Além de ajudante de caminhoneiro, ele fazia bicos também como operário. A tia Maria, mãe de criação do rapaz, afirmou que ele foi abandonado pela mãe aos oito anos de idade e não conheceu o pai.  

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